segunda-feira, 31 de outubro de 2011

As flores que eu não tive.


AS FLORES QUE EU NÃO TIVE 

Mãe! 
Olho para o verde musgo
que
depois da chuva 
cresceu e floriu 
sobre a terra da tua campa 
e um amargo sorriso 
aflora aos meus lábios 
ao ver-te 
toda coberta de bravas flores... 

São as flores 
que 
eu não tive 
para depor sobre essa campa 
quando 
fecharam-te os olhos 
cruzaram-te as mãos 
e te cobriram de pó 
— E eu te cobri de lágrimas! 

São as flores 
que 
eu não tive 
para 
ornar tua fronte 
de mártir e santa 
Oh minha mãe! 

João Rodrigues


João Baptista Rodrigues nasceu na Ilha de São Vicente, em Cabo Verde, em 9/11/1931. 

Publicou: Os contos Monte Verde-Cara, O Casamento de Joaquim Dadana (noveleta), Caminhos Agrestes (contos), O Jardim dos Rubros Cardeais e Pérolas do Sertão (Poesia)

Fonte:www.antoniomiranda.com.br 

domingo, 30 de outubro de 2011

Os burros.


OS BURROS

É preciso acabar com esse desprezo, ou com esse equívoco. Os burros não são burros. Olhem os olhos deles. Podem ser teimosos, às vezes, às vezes, podem ser maus. Buffon, que sabia mais do que nós, explicou que os burros ficam assim quando o sofrimento lhes mostra, depois de muitas provações, que os homens não prestam. A melhor defesa das culpas inventadas contra os burros é o amor que lhes têm tido os poetas. La Fontaine fez exceção. Os animais das Fábulas, porém, são homens disfarçados. Eu gosto dos burros. Principalmente dos que andam na dura lida, sobre as pedras das ruas, sobre o barro das estradas, ao sol, à chuva, dia e noite. Tristes, tristes. Sem nenhuma queixa. Que humildade! Que paciência! Que coragem! Pensam para dentro. Não procuram impor nem a sua vontade nem a sua opinião. Obedecem. Zurram. É um modo de dizer que não têm nada com isso. Se foram a guerra, foram levados. Combateram os filisteus, resumidos numa caveira, que Sansão brandiu, criando o mais puro dos símbolos. Um burro assistiu ao nascimento de Jesus. Um burro levou Jesus para a entrada festiva em Jerusalém. Não é fácil julgar criaturas de tamanha discrição. Dos burros, além dos nossos pontos de vista, só possuímos a aparência. Aparência que varia, conforme os nossos pontos de vista. Há quem os achem ridículos. Há quem os ache sublimes. São bonitos, ou feios, de acordo com os temperamentos. Já existe tanta crítica, de tanta coisa. Para que críticas dos burros? Bom, é lhes querer bem, admiti-los tais quais se revelam, incapazes de aborrecer os outros, inimigos da publicidade, calmos, resignados, melancólicos. Talvez, no mundo interior, conservem a alegria da infância, muito escondida, e continuam brincando com ela. O aspecto que vemos, vivido, será para uso externo; a inocência deteriorada. Quanto ao coice... quem nunca deu um coice, que atire nos burros a primeira pedra. 

Álvaro Moreyra

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

"Preconceituar"


"PRECONCEITUAR" 

“Preconceituar é uma forma mesquinha de fomentar a discórdia e atravancar o desenvolvimento humano e social.” 

R.S. Furtado

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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

As putas da avenida.


AS PUTAS DA AVENIDA 

Eu vi gelar as putas da Avenida 
ao griso de Janeiro e tive pena 
do que elas chamam em jargão a vida 
com um requebro triste de açucena 

vi-as às duas e às três falando 
como se fala antes de entrar em cena 
o gesto já compondo à voz de mando 
do director fatal que lhes ordena 

essa pose de flor recém-cortada 
que para as mais batidas não é nada 
senão fingirem lírios da Lorena 

mas a todas o griso ia aturdindo 
e eu que do trabalho tinha vindo 
calçando as luvas senti tanta pena 

Fernando Assis Pacheco 


Fernando Assis Pacheco nasceu em 1937, em Coimbra. A sua ascendência é galega pelo lado materno. Licenciou-se em Filologia Germânica, foi jornalista e crítico literário. Estreou-se, em 1963, com o livro Cuidar dos Vivos. Em 1972, publicou Câu Kiên: Um Resumo, um livro com título vietnamita para escapar à censura fascista, reeditado quatro anos mais tarde como Catalabanza Quiolo e Volta. Outros livros se seguiram, até que, em 1991, o poeta reuniu o conjunto da sua poesia, produzida ao longo de vinte e oito anos, num volume único intitulado A Musa Irregular. A sua obra conta também com algumas incursões na ficção. 

Livros editados mais recentemente: Respiração Assistida (Assíro & Alvim, 2003 e 2004); Variações em Sousa (Angelus Novus – Cotovia, 2004); Memórias de um Craque (Assírio & Alvim, 2005) e A Musa Irregular (Assírio & Alvin, 2006) 

Fernando Assis Pacheco morreu súbitamente, à porta de uma livraria em Lisboa, em 1995. 

Fonte: http://um-buraco-na-sombra.netsigma.pt 

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Liberdade.


LIBERDADE 

Liberdade, tu hás-de chegar um dia 
eu sei. 
Se vieres tarde, 
para além do meu tempo de luta
e de conquista, 
não te esqueças 
que eu te amei 
universalmente 
e te busque sem desânimo 
durante toda a minha 
ignota 
permanência 
Detém-te pois um instante 
à beira do meu túmulo: 
morto embora, eu saberei sentir-te 
e conhecer-te 
e remorrer 
então 
tranquilamente. 

Jorge Rebelo 


Jorge Rebelo, poeta político e natural de Maputo, onde nasceu em 1940. Licenciado em Direito. Seu ativismo político é feito dentro da FRELIMO. Seus poemas são militantes, para a guerrilha em que o poeta estava envolvido. Pertencia ao grupo "Core"

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br 

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terça-feira, 25 de outubro de 2011

Astronomia Nova.

 Johanne Kepler

ASTRONOMIA NOVA 

1609Johanne Kepler, sábio e astrônomo alemão, nasceu em Well (Wurtemberg) e faleceu em Ratisbonn (1571-1630), publica “Astronomia Nova” e expõe uma teoria sobre o planeta Marte, estabelecendo as seguintes leis, que tomaram seu nome e que Newton se aproveitou para deduzir o seu princípio de atração universal: 1.ª) as órbitas planetárias são elipses nas quais o Sol ocupa um dos focos; 2.ª) as áreas descritas pelos raios vectores que unem o centro do Sol ao centro do planeta, são proporcionais aos tempos empregados em descrevê-las e 3.ª) o quadrado dos tempos das revoluções planetárias são proporcionais aos cubos dos eixos maiores das suas órbitas. Quando Kepler terminou a sua maravilhosa obra, deixou aos pósteros uma prova da sua profunda humildade aliada à ciència, na seguinte página: “Antes de deixar esta mesa, sobre a qual fiz todas as minhas pesquisas, nada me resta senão elevar meus olhos e minhas mãos aos céus e endereçar, com devoção, a minha humilde prece ao autor de toda a luz. 

Ó Tu – que pelas luzes sublimes que espalhaste na Natureza, conduzes a nossa vontade à luz de Tua graça, a fim de que sejamos, um dia, arrebatados pela luz eterna de Tua glória – eu te rendo graças, Senhor e Criador, pelas alegrias e pelos êxtases experimentados na contemplação da obra de Tuas mãos! 

Eis que finalizei o livro que contém o fruto do Teu trabalho e ao qual empreguei toda inteligência que me hás dado. Proclamo, diante dos homens, a grandeza de Tuas obras. Eu lhes apresento hoje o testemunho de que meu espírito finito conseguiu captar da infinita vastidão. 

Fiz todo esforço para me elevar à Verdade pelos condutos da Filosofia, e se ela chegou a mim – miserável verme concebido e nutrido no pecado – com contradições indignas de Ti, faze-me conhecê-las, a fim de que possa suprimi-las. 

Não me haverei deixado abandonar às seduções da presunção, em presença da beleza de Tuas obras? Não estarei eu propondo o meu próprio renome entre os homens, elevando um monumento que deveria ser consagrado à Tua glória? 

Ó, se assim for, acolhe-me em Tua clemência e dá-me a graça de impedir que minha obra sirva ao mal e que ela possa contribuir para a glória e saúde dos espíritos!” 

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, páginas 136/144.

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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Ao amor.


AO AMOR

Meu tio-avô manuel morreu de amor 
em Póvoa de Varzim, num dia antigo. 
Eu quero bem a todos os parentes, 
mas é dêsse Manuel que sou amigo.  

Foi o sincero da família. Por 
destino, vocação, prêmio, ou castigo, 
os bons Moreyras, nós, tão diferentes, 
somos iguais no amor. Sei por que digo. 

Apenas não morremos. Continuamos, 
com o desejo que fica na saudade, 
com o sorriso que fica em cada dor.  

Árvores velhas, e de flor nos ramos, 
vamos amando para a eternidade, 
e o último amor ainda é o primeiro amor... 

Álvaro Moreyra 


Quarto ocupante da Cadeira 21 da Academia Brasileira de Letras, eleito em 13 de agosto de 1959, na sucessão de Olegário Mariano e recebido pelo Acadêmico Múcio Leão em 23 de novembro de 1959. 

Álvaro Moreyra (A. Maria da Soledade Pinto da Fonseca Velhinho Rodrigues M. da Silva), poeta, cronista e jornalista, nasceu em Porto Alegre, RS, em 23 de novembro de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 12 de setembro de 1964. 

Era filho de João Moreira da Silva, autor teatral, cronista e poeta, e de Maria Rita da Fonseca. Simplificou o longo nome de família para Álvaro Moreyra, com y (para que esta letra “representasse as supressões”). Veio para o Rio de Janeiro em 1910, onde concluiu o curso de Direito. Tornou-se amigo de Felipe d' Oliveira e Araújo Jorge. Entre 1912 e 1914 esteve em Paris e viajou também à Itália, à Bélgica e à Inglaterra. De volta ao Brasil, encetou a carreira jornalística no Rio, tendo sido redator de várias publicações: Fon-Fon, Bahia Ilustrada, A Hora, Boa Nova, Ilustração Brasileira, Dom Casmurro, Diretrizes e Para Todos. Quer ler mais? 

Fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=115&sid=229 

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sábado, 22 de outubro de 2011

"Retidão".


"RETIDÃO" 

“É muito fácil cobrar retidão nos procedimentos dos outros, o mais difícil é fazer por onde não ser cobrado.” 

R.S. Furtado 

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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ecce Homo.


ECCE HOMO 

Desbaratamos deuses, procurando 
Um que nos satisfaça ou justifique. 
Desbaratamos esperança, imaginando 
Uma causa maior que nos explique. 

Pensando nos secamos e perdemos 
Esta força selvagem e secreta, 
Esta semente agreste que trazemos 
E gera heróis e homens e poetas. 

Pois deuses somos nós. Deuses do fogo 
Malhando-nos a carne, até que em brasa 
Nossos sexos furiosos se confundam, 

Nossos corpos pensantes se entrelacem 
E sangue, raiva, desespero ou asa, 
Os filhos que tivermos forem nossos. 

Ary dos Santos, in 'Liturgia do Sangue' 


Oriundo de uma família da alta burguesia, José Carlos Ary dos Santos, conhecido no meio social e literário por Ary dos Santos, nasceu em Lisboa a 7 de Dezembro de 1937. 

Aos catorze anos, a sua família publica-lhe alguns poemas, considerados maus pelo poeta. No entanto, Ary dos Santos revelaria verdadeiramente as suas qualidades poéticas em 1954, com dezasseis anos de idade. É nessa altura que vê os seus poemas serem seleccionados para a Antologia do Prémio Almeida Garrett. 

É então que Ary dos Santos abandona a casa da família, exercendo as mais variadas actividades para seu sustento económico, que passariam desde a venda de máquinas para pastilhas até à publicidade. Contudo, paralelamente, o poeta não cessa jamais de escrever e em 1963 dar-se -ia a sua estreia efectiva com a publicação do livro de poemas "A Liturgia do Sangue”. Quer ler mais?

Fonte: http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/ary_dos_santos/ary_biog.html

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quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Eu, o povo.


EU, O POVO 

Eu, o Povo 
Conheço a força da terra que rebenta a granada do grão 
Fiz desta força um amigo fiel. 

O vento sopra com força 
A água corre com força 
O fogo arde com força 

Nos meus braços que vão crescer vou estender panos de vela 
Para agarrar o vento e levar a força do vento à Produção. 
As minhas mãos vão crescer até fazerem pás de roda 
Para agarrar a força da água e pô-la na Produção. 
Os meus pulmões vão crescer soprando na forja do coração 
Para agarrar a força do fogo na Produção. 

Eu, o Povo 
Vou aprender a lutar do lado da Natureza 
Vou ser camarada de armas dos quatro elementos. 
A tática colonialista é deixar o Povo ao natural 
Fazendo do Povo um inimigo da Natureza. 

Eu, o Povo Moçambicano 
Vou conhecer as minhas Grandes Forças todas. 

Mutimati Barnabé João 

 António Quadros

Mutimati Barnabé João, heterónimo de António Augusto de Melo Lucena e Quadros (Santiago de Besteiros, 9 de Julho de 1933 - Santiago de Besteiros, 2 de Julho de 1994) foi um pintor e poeta português. 

Diplomou-se em pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Entre 1958 e 1959 esteve em Paris, como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, onde fez os cursos de gravura e pintura a fresco. 

Parte para Moçambique em 1964. Em 1968 revela-se como poeta ao receber um prémio para "40 Sonetos de Amor e Circunstância e Uma Canção Desesperada" assinado por João Pedro Grabato Dias

Em 1971 lançou as odes "O Morto" e "A Arca" e ainda as "Laurentinas". Grabato Dias e Rui Knopfli, criam nesse ano a revista Caliban. 

Em 1972, por ocasião dos 400 anos da morte de Camões,lançou o poema épico “Quybyrycas”, assinadas por Frey Ioannes Garabatus, com prefácio de Jorge de Sena e onde glosava e parodiava "Os Lusíadas”. 

Depois do 25 de Abril, inventou o livrinho "Eu, o povo", deixado por Mutimati Bernabé João, guerrilheiro moçambicano morto em combate. Em Moçambique foi ainda o co-autor, com o Arq. José Forjaz, do monumento aos heróis, na Praça dos Heróis Moçambicanos, em Maputo. 

No regresso a Portugal e a Santiago de Besteiros, em 1984, dedicou-se ao ensino, à escrita e pintura. 

Foi cantado por cantores como José Afonso ou Amélia Muge

Fonte: Wikipédia. 

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O sonâmbulo.


O SONÂMBULO 

Certo indivíduo conhecido como vivedor, aboletou-se no caminho de sua vida, no solar dum homem bonacheirão e abastado, que lhe abrira as portas para um descanso ligeiro. 

Nos primeiros dias, o dono suportou galhardamente o hóspede, oferecendo-lhe o melhor trato, fornecendo-lhe a melhor cama, o melhor vinho, os melhores charutos. Passada, porém, a primeira quinzena, começou a pensar em um meio, que não fosse grosseiro, de livrar-se do importuno, e achou-o.  

Tinham os dois acabado de almoçar e repousavam, lendo jornais e fumando “havanas”, à sombra das árvores. De repente, o hospedeiro recosta-se pesadamente na cadeira, cerra os olhos, deixa cair a folha e o charuto, simulando um sono profundo. E, como em sonho, principia a falar: 

– “Vejam só que maçada. Esse cavalheiro vem, aloja-se em mina casa, come, bebe, fuma, diverte-se, e nada de entender que sua presença já me está sendo desagradável. Será possível que ele não compreende isso? E soltando um suspiro, pulou da cadeira, esfregando os olhos: 

– “Que diabo. É eu dormir depois do almoço, vêm-me logo os pesadelos. E que sonho mau que eu tive. Parece até que eu falei alto não? E o outro, que de cenho cerrado prestava atenção a tudo: 

– É exato; você esteve por aí falando; e eu, como vi que se tratava de coisas de sonho, procurei não ouvir para não ser indiscreto. As palavras dos homens só têm valor, mesmo, quando eles as proferem acordados”. 

E o hóspede continuou na casa por mais três anos e quatro meses, isto é, até a transferência da propriedade, comendo do melhor prato, dormindo na melhor cama, bebendo do melhor vinho, fumando os melhores charutos. 

Humberto de Campos 

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terça-feira, 18 de outubro de 2011

Infância.


INFÂNCIA 

À noite (e lá por fora ia a tormenta...) 
Eu pedia a Mamãe:  —Conta uma história! 
E ouvia... Cabecinha sonolenta, 
Via os reinos de fada — via a Glória. 

(Havia a ventania e a merencória 
Chuvarada, nas telhas, barulhenta). 
— “Era uma vez...” É incenso na memória 
aquela voz embaladora e lenta! 

Hoje (que diferente é cada idade!) 
Mamãe foi ver as fadas... foi talvez 
morar no Reino da Felicidade! 

Hoje sou homem, sou, vejam você. 
Aì! Vindo a noite e vindo a tempestade 
Só da Saudade escuto: — Era uma Vez! 

Murilo Araújo 


O Poeta Murilo Araújo nasceu na cidade de Serro, Minas Gerais, Brasil, em 26 de outubro de 1894. Ele é um dos expoentes do Modernismo. Estreou em 1917, com o livro Carrilhões -cinco anos antes da Semana de Arte Moderna, evento do qual participou-. Seguiram-se a este livro A galera (escrito em 1915, mas publicado anos depois), Árias de muito longe (1921), A cidade de ouro (1927), A iluminação da vida (1927), A estrela azul (1940) -esta obra foi traduzida pelo poeta uruguaio Gaston Figueira para o espanhol com o nome La Estrela Azul e publicada em Nova York (EUA)-, As sete cores do céu (1941), A escadaria acesa (1941), O palhacinho quebrado, A luz perdida (1952) e O candelabro eterno (1955). A obra em prosa limita-se a quatro livros: A arte do poeta (1944), Ontem, ao luar (1951), uma biografia do compositor Catulo da Paixão Cearense, Aconteceu em nossa terra (pequenos casos de grandes homens) e Quadrantes do Modernismo Brasileiro (1958). Murilo Araujo também traduziu o livro O inspetor geral, do escritor russo Nikolai Gogol (Sorotchintsi, 1809 – Moscou, 1852). Quer ler mais? 

Fonte: http://www.oocities.org/athens/agora/9443/Murilo.htm 

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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Adeus.


O ADEUS 

Eu já não mais entendo ao certo, 
Este teu modo estranho de agir. 
Me rejeitas se estou por perto, 
Me reclamas se não posso vir. 

Criticas quando estou ausente, 
Lamentas de suposta solidão. 
E com este teu jeito demente, 
Me falas de amor e paixão. 

Estou farto das tuas artimanhas, 
Das tuas promessas descabidas. 
Pois com mentiras, somente ganhas, 
Desamores e dores incontidas. 

Sozinho, seguirei meu caminho, 
Atrás de carinhos que não sejam teus, 
Atrás de alguém pra botar no meu ninho, 
Pois pra ti, somente resta o adeus. 

R.S. Furtado. 

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domingo, 16 de outubro de 2011

O Homem dos Sonhos.


O HOMEM DOS SONHOS 

Que nome dar ao poeta 
esse ser dos espantos medonhos? 
um só encontro próprio e justo: 
o de José o homem dos sonhos 

Eu canto os pássaros e as árvores 
Mas uns e outros nos versos ponho-os 
Quem é que canta sem condição? 
É José o homem dos sonhos 

Deus põe  e o homem dispõe 
E aquele que ao longo da vereda vem 
homem sem pai e sem mãe 
homem a quem a própria dor não dói 
bíblico no nome e a comer medronhos 
só pode ser José o homem dos sonhos 

Ruy Belo 


Ruy de Moura Belo (São João da Ribeira, Rio Maior, 27 de Fevereiro de 1933. Queluz, 8 de Agosto de 1978 (45 anos). Foi um poeta e ensaísta português. 

Em 1951 entrou para a Universidade de Coimbra como aluno de Direito e tornou-se membro da Opus Dei. Concluiu o curso de direito em Lisboa, em 1956, ano em que partiu para Roma, doutorando-se em direito canónico pela Universidade de S. Tomás de Aquino (Angelicum), dois anos depois, com uma tese intitulada "Ficção Literária e Censura Eclesiástica". 

Regressado a Portugal, trabalhou no campo editorial e em 1961 entrou na Faculdade de Letras de Lisboa, recebendo uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian para investigação, abandonou a Opus Dei e foi leitor de Português em Madrid entre 1971 e 1977. Quer ler mais? 

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ruy_Belo

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sábado, 15 de outubro de 2011

Dedicatória.


DEDICATÓRIA 

Aos poetas que pensam e dizem versos 
mas não os sabem escrever 
e por isso anónimos lhes chamam. 
Nas rochas corroídas pelo sal de outros mares 
navegados para implantar espada cruz e poder 
nas rochas onde o luar desnuda o silêncio 
pulsando canções da noite assim povoada 
e que o sol inflama e semeia 
sobre as efémeras gostas de cacimba 
renovadas com cintilações das estrelas, 
aí eu gravarei seus nomes. 
E os amantes pressentindo 
os hão-de perguntar e saudar. 

Orlando Mendes 

Escritor moçambicano, Orlando Marques de Almeida Mendes nasceu a 4 de Agosto de 1916, na ilha de Moçambique. Licenciou-se em Ciências Biológicas pela Universidade de Coimbra, onde foi assistente e onde se revelou poeta e prosador. Pertenceu aos quadros dos Serviços de Agricultura, foi fitopatologista e Funcionário do Ministério da Saúde. Profundamente influenciado pelo neo-realismo português, o poeta, romancista, dramaturgo, crítico literário, colaborou em diversos jornais moçambicanos e estrangeiros e produziu uma vasta obra literária, como Trajectória (1940), Portagem .(1966), Um minuto de Silêncio (1970), A Fome das Larvas (1975), Papá Operário mais Seis Histórias (1983), Sobre Literatura Moçambicana (1982), entre outros. Recebeu o prémio Fialho de Almeida , o dos Jogos Florais da Universidade de Coimbra (1946) e o primeiro Prémio de Poesia no concurso literário da Câmara Municipal de Lourenço Marques. Em 1990, Orlando Mendes faleceu em Maputo. 

Fonte: www.infopedia.pt 

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sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O primeiro vestido branco de noiva.


O PRIMEIRO VESTIDO BRANCO DE NOIVA 

1558 – (24 de abril) Esta data deveria ser consagrada às noivas em todo o mundo. Pois foi nesse dia, justamente, usado o primeiro vestido branco de noiva, por Maria Stuart, no seu casamento com Francisco II, rei da França. A moda pegou daí em diante. 

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, página 121. 

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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Desaparição.


DESAPARIÇÃO 

the inconceivable Idea of the sun 
Wallace Stevens 

Sereno, à flor do tempo, 
recomponho o desejo 
de estar vivo. 
Vejo entrar pela janela 
o mesmo sol de sempre; 
finjo que não conheço 
seu calor, sua máscara 
amarela, hepática. 
Sei mais da natureza 
das nuvens, e do vácuo 
entre as estrelas, negra 
matéria; no entanto, 
quando me entrego ao sol, 
integro-me ao ser sol: 
narciso mais que cego, 
narciso cegaluz. 

Eduardo Sterzi 


Eduardo Sterzi (Porto Alegre, 7 de junho de 1973) é um poeta, jornalista e crítico literário brasileiro. 

Sterzi formou-se em Jornalismo pela UFRG, tendo trabalhado no jornal Zero Hora. Mestre em Teoria da literatura (PUCRS) com dissertação sobre Murilo Mendes e doutorado em Teoria e História Literária na Unicamp, com tese sobre o livro Vita Nova, de Dante Alighieri. Atualmente reside em São Paulo, com a escritora e crítica de arte Veronica Stigger. Tem um bom conhecimento da língua Italiana. Esteve em Roma durante o ano de 2009 para realizar estudos e pesquisas sobre crítica literária. 

É um dos editores da revista de poesias Cacto e de K Jornal de Crítica. Entre suas publicações, o livro "Prosa" (poesia) de 2001 e os artigos Drummond e a poética da interrupção, no volume Drummond revisitado, organizado por Reynaldo Damazio (Universidade de Sãp Marcos) e O mito dissoluto, no número do 3 da Rivista di Studi Portoghesi e Brasiliani. Organizou o volume Do céu do futuro: cinco ensaios sobre Augusto de Campos

Fonte: Wikipédia. 

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terça-feira, 11 de outubro de 2011

"Caridade"


"CARIDADE" 

“A caridade é mais valiosa perante DEUS, quando não é sucedida de arrependimento e/ou lamentações.” 

R.S. Furtado. 

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

H



Sei que dez anos nos separam de pedras 
e raízes nos ouvidos 

e ver-te, ó menina do quarto vermelho, 
era ver a tua bondade, o teu olhar terno 
de Borboleta no Infinito 

e toda essa sucessão de pontos vermelhos no espaço 
em que tu eras uma estrela que caiu 
e incendiou a terra 

lá longe numa fonte cheia de fogos-fátuos. 

António Maria Lisboa 


Nasce em Lisboa, a 1 de Agosto de 1928. Frequenta o Ensino Técnico. A partir de 1947 forma com Pedro Oom e Henrique Risques Pereira um pequeno grupo à parte das actividades dos surrealistas. Em Março de 1949 parte para Paris, onde permanece por dois meses. Datam provavelmente daí os seus primeiros contactos com o Hinduísmo, a Egiptologia, com o Ocultismo em geral. De volta a Lisboa, colabora com poemas e desenhos de títulos estranhos (Pequena Históra a Mais Fantástica dos Amorosos, Marfim Peixe, etc.) na qual se chamou «1 Exposição dos Surrealistas», do grupo dissidente. A partir dessa altura, a amizade com Mário Cesariny acompanhá-lo-ia até aos últimos dias. Em 1950 colabora na redacção de vários manifestos e, em carta a Cesariny, faz as primeiras declarações com referência aos objectivos do movimento surrealista. Apesar da aproximação, Lisboa prefere intitular-se «metacientista», e não surrealista, porque, argumenta, numa carta a Mário Cesariny, a «Surrealidade não é só do Surrealismo, o Surreal é do Poeta de todos os tempos, de todos os grandes poetas». Morreu de tuberculose com 25 anos. 

Fonte: http://www.portaldaliteratura.co/autores.php?autor=303#ixzz1a85B7B3d 

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domingo, 9 de outubro de 2011

Quando eu fui chão para lagrimaterrizagem.


QUANDO EU FUI CHÃO 
PARA LAGRIMATERRIZAGEM 

de tanta, risada 
a hiena ganhou vício 
de lacrimealeijar. 
porque um dia 
exercitei-me de raiz, 
compus-me de lamas. 
a hiena passante, 
desconhecendo. 
e, quando parante, irrisonha. 
(mas: para testemunhá-la 
há que ser existido anedoticamente.) 
enraizado para espreitações 
— sub-hienado — 
vitimizei-me de suas goticulares esferas, 
íris desfalecendo humidades. 
na provação, soube-me: 
de tanto risar tanto 
a hiena lacrimealeija é sementes. 
sementes para flores salinas. 

Ondjaki 


Ndalu de Almeida, (Luanda, 1977) mais conhecido por seu pseudónimo Ondjaki, é um escritor angolano. Estudou em Luanda e concluiu licenciatura em sociologia em Lisboa. Possui experiência na área do teatro e da pintura. Em 2000, obtém o segundo lugar no concurso literário António Jacinto realizado em Angola, e publica o primeiro livro, Actu Sanguíneu. Depois de estudar por seis meses em Nova Iorque na Universidade de Columbia, filma com Kiluanje Liberdade o documentário Oxalá cresçam pitangas - histórias da Luanda. As suas obras foram traduzidas para diversas línguas, entre elas francês, inglês, alemão, italiano, espanhol e chinês. Foi laureado pelo Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco em 2007, pelo seu livro Os da Minha Rua. Recebeu, na Etiópia, o prémio Grinzane por melhor escritor africano de 2008. Em Outubro de 2010 ganhou, no Brasil, o Prémio Jabuti, na categoria Juvenil, com o romance AvóDezanove e o Segredo do Soviético. O Jabuti é um dos mais importantes prémios literários brasileiros atribuído em 21 categorias. 

Atualmente, mora no Brasil, no Rio de Janeiro. 

Fonte: Wikipédia. 

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sábado, 8 de outubro de 2011

O primeiro tulo de Doutor em Medicina.


O PRIMEIRO TÍTULO DE DOUTOR EM MEDICINA. 

1220Guilherme Gordênio é o primeiro homem no mundo que obtém o título de Doutor em Medicina. Cidadão italiano, gradua-se pelo Colégio de Aosta, neste ano. Ora, desde a mais remota antiguidade, os homens que se dedicavam ao exercício da medicina eram muito considerados pelos seus talentos e cultura. Tal exercício era reservado, em certos países, à classe sacerdotal; contudo, podia geralmente fazer de médico todo aquele que se julgasse com suficientes conhecimentos para isso. Somente na segunda metade da Idade Média é que se regulamenta, de certa forma, a profissão. No século XII, na França, não se podia praticar a medicina sem passar previamente por exercício universitário. E o primeiro homem no mundo que obteve o diploma de médico foi o italiano Guilherme Gordênio, graduado pelo Colégio de Aosta, em 1220. 

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas realizadas pelo ilustre professor Elias Barreto, e publicado pela Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas, edição de 1967, volume 1, página 90. 

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sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O pinheiro.


O PINHEIRO 

Quem tem pinheiros tem pinhas 
Quem tem pinheiros tem pinhões, 
Quem tem amores tem zelos 
Quem tem zelos tem paixões. 

Quem tem pinheiro tem pinha 
Quem tem pinheiro tem pinhão, 
Do homem nasce a firmeza, 
Da mulher a ingratidão. 

Oh! que pinheiro tão alto, 
Com tamanha galharada; 
Nunca vi moça solteira 
Com tamanha filharada... 

Oh! que pinheiro tão alto, 
Que por alto se envergou, 
Que menina tão ingrata, 
Que d'ingrata me deixou! 

João Simões Lopes Neto 

João Simões Lopes Neto. O maior escritor regionalista do Rio Grande do Sul, nasceu em Pelotas, em 9 de março de 1865, na Estância da Graça, a 29 quilômetros da cidade e de propriedade de seu avô paterno, João Simões Lopes Filho, o Visconde da Graça - que chegou a ter uma orquestra particular composta por escravos em sua grande fazenda. Viveu na estância até 1876. Aos treze anos, foi para o Rio de Janeiro, estudar no famoso colégio Abílio. Em seguida, teria freqüentado até a terceira série da Faculdade de Medicina, mas sobre esta passagem acadêmica nunca houve provas. Retornando ao Sul, fixa-se em sua terra natal, Pelotas, então rica e próspera pelas mais de cinqüenta charqueadas que lhe davam a base econômica. Nesta cidade dinâmica e aristocrática, o jovem patrício enceta a mais bizarra, surpreendente e malograda trajetória vivida por um escritor gaúcho. Com idéias cheias de audácia, tornou-se um agente empreendedor da industrialização pelotense. Criou, mediante o sistema de cotas, uma fábrica de vidros, cujos operários eram todos franceses e os aprendizes, meninos pobres da região. Ler mais aqui. 

Fonte: http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/joao-simoes-lopes 

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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

"Fortes x Fracos".


"FORTES X FRACOS" 

“A dignidade dos mais fortes está também no reconhecimento e no respeito às deficiências dos mais fracos.” 

R.S. Furtado. 

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Literatura Latina e Poesia Latina.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ilha de Moçambique.


ILHA DE MOÇAMBIQUE 

Desfeitos um por um os nós sombrios, 
Anulada a distancia entre o desejo 
E o sonho coincidente como um beijo, 
Exalei mapas que exalaram rios. 

Terra secreta, continentes frios, 
Ardei à luz dum sol que é rumorejo 
Para lá do que eu sou, do que eu invejo 
Aos elementos, aos altos navios! 

Trouxe de longe o palácio sepulto, 
A cobra semimorta, a bandarilha, 
E esqueci poços, prossegui oculto. 

Desdém que envolve por completo a quilha, 
Sou bem o rei saudoso do seu vulto, 
Vulto que existe infante numa ilha. 

Alberto de Lacerda 


Alberto Correia de Lacerda (Ilha de Moçambique, 20 de Setembro de 1928 – Londres, 26 de Agosto de 2007) foi um poeta português. 

Nascido no Norte de Moçambique, Alberto de Lacerda veio para Lisboa em 1946. Em 1951 fixou-se em Londres trabalhando como locutor e jornalista da BBC, efectuado um notável trabalho de divulgação de poetas como Camões, Pessoa e Sena. Nos anos seguintes viajou pela Europa e esteve no Brasil em 1959 e 1960. A partir de 1967 começa a leccionar na Universidade de Austin, no Texas, EUA, onde se manteve durante cinco anos, fazendo uma breve passagem pela Universidade de Colúmbia, de Nova Iorque, até se fixar, em 1972, como professor de poética, na Universidade de Boston, Massachusetts. 

Estreou-se em Portugal com uma série de poemas publicados na revista Portucale. Foi um dos fundadores da revista de poesia Távola Redonda. juntamente com Ruy Cinatti, António Manuel Couto Viana e David Mourão-Ferreira. Os seus poemas foram traduzidos para o inglês, castelhano, alemão e holandês, entre várias outras línguas. É descrito como possuindo uma linguagem pouco adjectivada mas rica em imagística, reveladora de um mundo misterioso oculto na vulgaridade das coisas. Alberto de Lacerda é também autor de colagens, tendo chegado a expor, nos anos 80, na Sociedade Nacional de Belas Artes, de Lisboa. 

Faleceu em Londres a 26 de Agosto de 2007. Apesar do número relativamente pequeno de obras publicadas, Lacerda deixou um vasto espólio e de grande importância, composto, nomeadamente, por correspondência com grandes figuras da cultura, estrangeiras e portuguesas, tais como Maria Helena Vieira da Silva e o marido Árpád Szenes ou ainda Paula rego

Fonte: Wikipédia. 

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segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Mitologia Crioula.


MITOLOGIA CRIOULA 

(In memorian do profeta Nhu Naxu) 

Nabucodonosor! 
Nabucodonosor! 

Onde estão a tua espada 
e a tua raiva 
nas brumas suculentas de Santiago? 

Os templos caíram em ruínas 
desde quando a eternidade 
ruía defronte dos galeões 
e desfazia-se nos basaltos das ribeiras 

As cidades de tão velhas 
metamorfosearam-se em aldeias 
e cobriam as faces da amnésia 

Os campos continuam perscrutantes 
e oferecem olhares melancólicos às urbes 
do nosso querer 

Os homens esses encontram-se presos 
em plena cidade 
pelas âncoras do vento 

Nabucodonosor! 
Nabucodonosor! 

José Luiz Hopffer Almada 


JOSÉ LUIZ HOPFFER C. ALMADA utiliza os nomes literários Zé di Sant’y Águ, Erasmo Cabral d’Amada, Tuna Furtado, Dionísio de Deus y Fonteana e Alma Dofer. 

Nasceu a nove de dezembro de 1960, no sítio de Kel-Len (Pombal), Conselho de  Santa Catarina (Ilha de Santiago), EM Cabo Verde.

A partir dos quatro anos de idade passou a residir com a família em Assombra, onde concluiu o Ensino Primário e o Ciclo Preparatório. 

Cursou os Liceus na Cidade Ada Praia, onde exerceu destacadas funções no movimento associativo estudantil e no seio da Juventude estudante Africana Cabral, liceal, de que foi militante até 1979. Enquanto estudante exerceu funções de responsabilidade em vários campos agropolíticos, tendo participado do XI Festival da Juventude e Estudantes (Cuba, 1978) e do Seminário de Cultura de Rufisque (Senegal, 1979). 

Licenciou-se em Direito pela Universidade Karl Marx, de Leipzig (1984). Foi co-fundador do Núcleo e do Movimento Pró-Cultura e da Revista de Artes, Letras e Cultura Fragmentos, de que é Diretor, um dos principais dinamizadores do Voz di Letra (suplemento cultura do jornal Voz di Povo) e a realizador do programa radiofônico de cultura “Gentes, Idéias, Cultura”. 

Foi-lhe atribuído, em 1978, o primeiro prêmio do Concurso Literário Nacional e, em 1979, o segundo prêmio ex-aequo do Concurso Literário Nacional, realizado nesse ano. Integrou a Comissão Nacional para o Acordo Ortográfico (1986/87), o júri do prêmio “Jorge Barbosa” (1987), a Comissão Nacional da Língua Cabo-verdiana e o conselho Nacional de Cultura. É membro fundador da Pro-Associação e da Associação dos Escritores Cabo-verdianos, bem como Associação dos Amigos do Conselho de Santa Catarina, cujas Direções integra. 

Participou do Simpósio sobre a Literatura e a Cultura Cabo-verdianas (Mindelo, 1986), do Simpósio Integral sobre a Poesia e o Sagrado (Liège, Bélgica, 1990), do Encontro sobre a Música Nacional (Praia, 1988) e de várias mesas-redondas sobre a Cultura. Tem trabalhos publicados no Voz di Letra, no VP – Caderno2, no Voz di Povo, no Jornal de Angola, nas revistas Fragmentos, Ponto e Virgula, Pré-textos, Seiva e Artiletra. Consta da antologia Changing Afrika, organizada pelo professor Gerald Moser (1992). Exerceu as funções de Diretor do Gabinete de Assuntos Jurídicos e de Legislação da Chefia do Governo. Para além da antologia Mirabilis – De Veias ao Sol, publicou À Sombra do Sol I e À Sombra do Sol II. Reside na Cidade da Praia. 

Fonte: http://www.antoniomiranda.com.br. 

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domingo, 2 de outubro de 2011

A invenção do Jogo de Xadrez.


A INVENÇÃO DO JOGO DE XADREZ 

3000 a.C. – Inventa-se no Ceilão (Ilha do Sul do Indostão), o jogo de xadrez, que é introduzido na Índia e outros países do Oriente. Atribui-se a invenção desse jogo a Sissa, um brâmane. Vivia na corte do rajá indiano Balhait. Tratava-se dum sábio. Por isso o rei pediu-lhe que criasse um jogo capaz de demonstrar as qualidades da prudência, diligência, visão e conhecimento. Deveria opor-se ao fatalista “nard” (gamão) em que o resultado é decidido pela sorte. Sissa apresentou ao rei um tabuleiro de xadrez. Suas peças representavam os quatro elementos do exército indiano, carros, cavalos, elefantes e soldados a pé, comandados por um rei e seu vizir. Sissa explicou que escolhera a guerra como modelo para o jogo, porque via nela a escola mais eficiente, onde se aprendia o valor da decisão, do vigor, da persistência, da ponderação e da coragem. Sissa fez-lhe ver, ainda, que o rei, a peça mais importante de nada valia sem a ajuda dos seus súditos. Balhait ficou maravilhado com o jogo. Ordenou que ele fosse ensinado nos templos. Via nos seus princípios o fundamento de toda justiça. Disse então a Sissa: - “Pedi qualquer recompensa que desejardes, será vossa”. Este, na qualidade de cientista, querendo pregar-lhe uma nova lição, respondeu: - “Dai-me uma recompensa em grãos de milho sobre o tabuleiro de xadrez. Na primeira casa, um grão; na segunda, dois; na terceira, quatro; na quarta, o dobro de quatro; e assim por diante, até a última casa.” O rei ordenou que fosse trazido o milho. No entanto, antes que tivesse atingida a trigésima casa, todo o milho da Índia estava esgotado. Preocupado, olhou para Sissa, mas este disse, sorrindo, que já sabia não lhe ser possível receber a recompensa pedida, porque a quantidade necessária cobriria toda a superfície da terra com uma camada de nove polegadas de espessura. Conta-se que o rei não soube o que mais admirar, se a invenção do xadrez ou o engenhoso pedido de Sissa. Esse fabuloso número, modesto na aparência, envolvendo a formula 2 64-1, atinge a soma de........... 18 446 744 073 709 551 615 grãos. Esse total, comenta o escritor árabe Al Beruni, corresponde a 2.305 montanhas, o que é mais do que o mundo inteiro contém. 

Nota: Este trabalho é o resultado de pesquisas feitas pelo ilustre professor Elias Barreto e publicado pela “Enciclopédia das Grandes Invenções e Descobertas”, edição de 1962, volume 1, páginas 9 e 10. 

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