quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Loucura verde.




LOUCURA VERDE

Nas longas noites em que eu me enveneno,
cigarro a espiralar sobre cigarro,
traz-me a saudade o teu perfil bizarro,
que eu não sei mais se é louro ou se é moreno.

Não é bem um perfil, mas um pequeno
alvoroço de névoas, um desgarro,
de linhas onde, surpreendido , esbarro
com o teu olhar a me sorrir, sereno...

Depois teu vulto se dilui aos poucos,
mas teus olhos heris, como os dos loucos,
ficam parados, mortos, ante os meus.

– Verdes, curvos cristais, por onde eu vejo
monstros verdes passando num cortejo,
sob um sol verde como os olhos teus.

Afonso Schmidt
Nascido em Cubatão (São Paulo), em 29 de junho de 1890, estudou no Grupo Escolar do Oriente, na Capital. Em 1907 viajou para a Europa só com a roupa do corpo; depois de ter estado em Lisboa, chegou a passar fome em Paris. Voltaria ao Velho Mundo em 1913, desembarcando em Gênova e regressando ao Brasil por Marselha. O livro de estreia de Schmidt, um simples folheto, Lírios Roxos, saiu quando o poeta nem tinha 15 anos. Num só ano, o escritor obteve 3 prêmios da Academia Brasileira. Pertenceu à Academia Paulista de Letras e foi presidente da U.B.E. De São Paulo. Faleceu em São Paulo, em 3 de abril de 1964.

Fonte: Poesia Parnasiana – Antologia. Edições Melhoramentos – 1967.

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3 comentários:

chica disse...

Poesia linda e forte, intensa! O autor bem inspirado! abração,chica

Daniel Costa disse...

Rosemildo

Loucura Verde, é bem escrito demais. Ser divulgado é mérito a indiciar sensibilidade tua.
Abraço

Anônimo disse...

Un poema intenso y de fuertes sentimientos, excelentes letras!
Me gustó mucho la elección, te dejo un fuerte abrazo, bella jornada!