quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A uma ausência.



A UMA AUSÊNCIA

Sinto-me sem sentir todo abrasado
No rigoroso fogo, que me alenta,
O mal, que me consome, me sustenta,
O bem, que me entretém, me dá cuidado:

Ando sem me mover, falo calado,
O que mais perto vejo, se me ausenta,
E o que estou sem ver, mais me atormenta,
Alegro-me de ver-me atormentado:

Choro no mesmo ponto, em que me rio,
No mor risco me anima a confiança,
Do que menos se espera estou mais certo:

Mas se de confiado desconfio,
É porque entre os receios da mudança
Ando perdido em mim, como em deserto

António Barbosa Bacelar
António Barbosa Bacelar (1610-1663) nasceu em Lisboa de uma família remediada, frequentando o Colégio de Santo Antão e indo depois estudar Direito para Coimbra. Tendo-se dedicado à magistratura, foi corregedor em Castelo Branco, provedor em Évora, desembargador no Porto e magistrado na Casa da Suplicação em Lisboa. A par do trabalho no âmbito da justiça, dedicou-se à escrita, nomeadamente à historiografia e à poesia. Dentro da historiografia, escreveu a Relação Diária do Sítio e Tomada da Forte Praça do Recife, publicada em Lisboa em 1654, a Relação da Vitória que Alcançaram as Armas do Muito Alto e Poderoso Rei D. Afonso VI, em 14 de Janeiro de 1609, Uma e Outra Fortuna do Marquês de Montalvor, D. João de Mascarenhas e a Vida de D. Francisco de Almeida. A sua obra poética está essencialmente publicada na Fénix Renascida.

 
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3 comentários:

chica disse...

Gostei da poesia escolhida e gostei de ver "de família remediada", expressão que há tempos não ouvia,rs abração,chica e lindo dia!

Anônimo disse...

!Cuántas veces nos encontramos tan perdidos como en el mismísimo desierto!

Increíble poesía, gracias por compartirla Rosemildo, abrazos miles!

PD: gracias por tu encantadora vista!

Magia da Inês disse...

¸.•°❤ ❤⊱彡
Passei para uma visita.
Que saudade do seu blog e das belas poesia que encontro aqui!!!
¸.•°❤ BOM FIM DE SEMANA, AMIGO! ❤⊱彡